segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Estudos sobre Humor - Itararé, Freud e Pirandello

Mais "filosofia":
Os risos em aparício torelly, o barão de itararé - http://www.filologia.org.br/soletras/12/11.htm (Mary Stela Surdi  - UNOCHAPECÓ)
O consumo banal do humor : aonde encaixar Freud e Pirandello? - http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid=S1519-94792004000100021&script=sci_arttext  (LIMA, Denise Maria de Oliveira. O consumo banal do humor: aonde encaixar Freud e Pirandello?. Cogito, 2004, vol.6, p.89-93. ISSN 1519-9479.)
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Umberto Eco

Na década de 80, ainda, caiu-me nas mãos um livro sobre semiologia (ou semiótica, sei lá) e lá, no último capítulo, Umberto Eco, (em Viagem na irrealidade cotidiana. 3.a ed. Ed. Nova Fronteira, 1984) fala sobre a diferença entre tragédia e comédia e afirma algumas coisas interessantes que despertaram ainda mais minha curiosidade sobre o assunto. 

No capítulo “O Cômico e a Regra”, Eco defende a tese de que o trágico e o dramático são universais porque em toda obra trágica, a regra violada é apresentada e reiterada continuamente no texto, enquanto que o cômico parece estar ligado ao tempo, à sociedade e à antropologia cultural porque as obras cômicas dão a regra violada como suficientemente conhecida. 

Eco também apresenta o “princípio de cooperação de Grice” (que eu fui estudar 15 anos mais tarde ao fazer meu mestrado em Inteligência Artificial: GRICE, H. P. - Lógica e conversação no livro Fundamentos metodológicos da lingüística. Organizado po DASCAL, Marcelo Ed. Global, 1978.). 

Herbert P. Grice observa que um diálogo não é constituído de uma sucessão de informações desconexas. Um propósito comum, ou conjunto de propósitos comuns, pode ser reconhecido pelos participantes de uma conversação. Existe um princípio geral que os participantes do diálogo observam, que é o de fazer sua contribuição conversacional quando for requerida, contribuindo para a construção do diálogo. A esse princípio, Grice denominou “princípio conversacional” ou “princípio cooperacional”.

Para Grice, supondo-se que tal princípio seja aceitável, existem quatro categorias (subdivididas em uma ou mais máximas), que produzirão resultados de acordo com o princípio da cooperação: quantidade, qualidade, relação e modo. 

Segundo Eco, pode ocorrer humor quando as regras de Grice (ou “máximas” como são cientificamente conhecidas) são violadas:

1) Máxima da Quantidade
a) faça com que sua contribuição seja tão informativa quanto requerido (para manter o propósito corrente da conversação);
Exemplo cômico:
- Sabes me dizer que horas são?
- Sei, claro!
b) não faça sua informação mais informativa do que é requerido.

2) Máximas da qualidade - uma supermáxima foi relacionada por Grice, “trate de fazer uma contribuição que seja verdadeira”, além de duas máximas mais específicas:
a) não diga o que você acredita ser falso;
Exemplo cômico:
“Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem!”
b) diga somente aquilo para o que você possa fornecer evidência adequada.
Exemplo cômico:
“Acho os livros de Paulo Coelho horríveis. Ainda bem que nunca li nenhum!”

3) Sob a categoria da relação, apenas uma supermáxima é proposta: “seja relevante”. 
Exemplo cômico:
- O senhor conhece bem os perigos do mar?
- Puxa, esta pergunta me ofende! Saiba que eu sou do interior de Minas!

4) A categoria modo, ao contrário das categorias anteriores, que tratavam sobre o que é dito, está relacionada com a maneira como o que é dito deve ser dito. Grice criou uma supermáxima, “seja claro” e várias máximas:
a) evite obscuridade de expressão;
b) evite ambigüidades;
c) seja breve (evite ser prolixo);
d) seja ordenado.

Bom, foi um começo. Não me levou a nada prático, não consegui criar nada, mas aprendi um monte de bobagens!  

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domingo, 28 de dezembro de 2008

escrevendo uma comédia

Bom, se o seu inglês é bom o suficiente para uma leitura e está precisando começar a escrever uma comédia e não sabe por onde, eu li e, MESMO NUNCA TENDO USADO,  recomendo a leitura desta "receita":
Chapter Seven
The Comic Throughline
excerpted from
The Comic Toolbox:
How To Be Funny Even If You're Not
by John Vorhaus
O link é: http://vorza.com/comic_throughline.html
O livro dele, que acabei comprando, eu comento outra hora... Com calma!
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sábado, 27 de dezembro de 2008

humor na língua portuguesa - linguacomtexto

No site http://www.linguacomtexto.com/ encontrei alguma coisa sobre humor na língua portuguesa:  http://www.linguacomtexto.com/humor/humor.htm
Talvez seja útil...
O texto fala de várias maneiras (o que aqui chamamos de técnicas) usadas no "humor baratato" (o "barato é por minha conta): polissemia e ambiguidade (entre outras)

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L. F. Veríssimo e a técnica para escrever humor

Uma vez eu li ou assisti, ainda na década de 80 (do século XX, se minha memória não falha), uma entrevista do Veríssimo em que ele dizia que não era um "humorista", mas um escritor que usava técnicas para criar humor nos seus textos...
 Muita modéstia para o melhor autor de humor que eu já li na vida, mas, não coincidentemente, lá por aquela época eu também havia lido um de seus contos "O Recital" (que pode ser encontrado na Internet ou, mais oficialmente, em "Comédias para se  Ler na escola", Ed. Objetiva)  em que ele afirmava que (trecho):
"Uma boa maneira de começar um conto é imaginar uma situação rigidamente formal - digamos, um recital de quarteto de cordas - e depois começar a desfiá-la, como um pulôver velho."
Veríssimo é um mestre do conto de humor e o texto é ótimo, se você não leu, o que está esperando? Vá e pegue o livro de algum sobrinho que tenha estudado, ele deve ter um exemplar! Mas, completando:
" ... É preciso instalar-se no acontecimento, como a semente da confusão, uma pequena incongruência. Algo que crie apenas um mal-estar, de início, e chegue lentamente, em etapas sucessivas, ao caos. Um morcego que pousa na cabeça do segundo violinista durante um 'pizzicato'. Não.  Melhor ainda. Entra no palco um homem carregando uma tuba."
Bom, serve para a literatura, serviria para stand-up ou para outras formas de humor? Sei lá! Eu nem sabia o que era stand-up quando li este texto! Mas minha curiosidade sobre o assunto aumentava cada vez mais...
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Humor nos textos - Monteiro Lobato

A primeira vez que eu vi alguém escrevendo ("filosofando") sobre humor foi Monteiro Lobato em "Prefácios e Entrevistas" (Ed. Brasiliense, 1950). Este livro eu li ainda na década de 80... Monteiro Lobato tentava definir o que era humor no texto"Prefácio à Antologia de Contos Humorísticos". Para Lobato (página 12),

"Humor é a maneira imprevisível, certa e filosófica de ver as coisas".

Citação:

"Para  obter esses três simples adjetivos qualificadores, foram-me necessários 40 minutos de pensamento peripatético, desde o jardim da Aclimação, onde há um asno que zurra, até o começo da rua da Glória - 6261 passos, ou 2087 por adjetivo. Foi uma verdadeira ascensão do asno à glória, porque solvi de vez um problemazinho mental. "

Lobato, depois de passear por diversos autores (Wilde, Twain, Tchecov, Machado de Assis, entre outros) e diversas anedotas populares, tenta definir a diferença entre "graça", "espírito" e "humor". No final do texto ele completa, na página 22, que a essência do humor é a imprevisibilidade, embora os outros dois elementos (verdade e filosofia), quando presentes, aumentem a "qualidade" do humor... 

Bom, foi a partir deste texto (de 16 páginas no total) que comecei a me interessar em estudar o "como fazer humor" mais do que (ou tanto quanto) ler, ver ou ouvir coisas engraçadas... As idéias aqui não eram práticas, não me diziam "como fazer" ou como escrever de forma engraçada, mas despertaram minha curiosidade sobre o assunto... E acabaram me levando a outros autores posteriormente.

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

o começo!

Bom, mais um blog... Desta vez para "comemorar" minha entrada na vida de escritor "stand-up" amador...