sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Namoros e Expectativas

   Devido a uma grande paixão, abandonando seu hábito de ver futebol na TV, um homem combinou de se encontrar sempre com sua namorada nas noites de quarta-feira.

   Como passariam a noite juntos, em sua casa, o homem passava a tarde planejando o que ofereceria a sua namorada à noite e no café-da-manhã do dia seguinte: a casa dele não tinha, normalmente, nada além do que uns pedaços de pão velho, então ele descobria o que a namorada gostava e tentava tornar aqueles encontros os mais agradáveis que pudessem ser.

   A namorada gostava de frutas, mas não das mesmas que ele gostava, então ele, ao invés de abacaxi, que era uma de suas frutas preferidas, dava um jeito de ter mamão, ameixa ou banana em sua mesa para o dia seguinte. A namorada não comia qualquer tipo de manteiga: “as outras parecem um sebo!”, dizia ela. Então ele providenciava a marca preferida dela. A namorada só gostava de um certo tipo de queijo. Ele providenciava. A namorada gostava de iogurte? Então, sempre que possível ele tinha iogurte para oferecer. A namorada não era de elogiar ou de demonstrar satisfação, mas, pelo que ele sentia, ela gostava dos agrados.

   Para agradá-la mais ainda, sempre que ela dizia algo sobre sua casa, como mudar os quadros da sala ou onde ele guardava seus objetos pessoais, mesmo sem fazer muito sentido para ele, ele atendia.

   À noite, antes de irem para a cama, ele fazia questão de tomar banho, perfurmar-se e preparar-se para uma longa noite de amor, mesmo que ela, cansada, dormisse logo em seguida em seus braços, após fazerem amor. Não importava que fossem apenas alguns momentos, eram momentos especiais que ele adorava compartilhar com ela.

   Antigamente, antes de apaixonar-se, ele tinha o costume de encontrar-se com uma amiga que ele conhecia há 25 anos. Essa amiga, nas quintas-feiras, sempre ligava para conversar com ele, pois era a manhã de folga de ambos. Para não atrapalhar o encontro com sua namorada, ele mudara seus hábitos e deixava o telefone desligado. Caso esquecesse, não atendia ao telefone: a namorada merecia o melhor que ele tinha a oferecer e toda a atenção que ele tivesse para dar naqueles curtos momentos em que passavam ao lado um do outro.

   Numa destas quintas-feiras, após alguns minutos da amada sair de sua casa para o trabalho, ele recebe um recado da namorada. Esperando que fosse alguma declaração de amor, tal qual ele, de vez em quando, fazia, lê o recado, mas encontra algo totalmente diferente... Ao invés de um elogio ou uma declaração de carinho, o recado apenas diz: “não seria possível falar para os seus amigos pararem de ligar para você nas manhãs de quinta? Isso me deixa muito chateada”...
   
   O que vocês acham que o homem deve fazer?


(meus textos para teatro e stand-up estão em: www.euquefiz.com - victor@euquefiz.com)



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