Como passariam a noite juntos, em sua casa, o homem passava a tarde planejando o que ofereceria a sua namorada à noite e no café-da-manhã do dia seguinte: a casa dele não tinha, normalmente, nada além do que uns pedaços de pão velho, então ele descobria o que a namorada gostava e tentava tornar aqueles encontros os mais agradáveis que pudessem ser.
A namorada gostava de frutas, mas não das mesmas que ele
gostava, então ele, ao invés de abacaxi, que era uma de suas frutas preferidas,
dava um jeito de ter mamão, ameixa ou banana em sua mesa para o dia seguinte. A
namorada não comia qualquer tipo de manteiga: “as outras parecem um sebo!”,
dizia ela. Então ele providenciava a marca preferida dela. A namorada só
gostava de um certo tipo de queijo. Ele providenciava. A namorada gostava de
iogurte? Então, sempre que possível ele tinha iogurte para oferecer. A namorada
não era de elogiar ou de demonstrar satisfação, mas, pelo que ele sentia, ela
gostava dos agrados.
Para agradá-la mais ainda, sempre que ela dizia algo sobre sua casa, como mudar os quadros da sala ou onde ele guardava seus objetos pessoais, mesmo sem fazer muito sentido para ele, ele atendia.
Para agradá-la mais ainda, sempre que ela dizia algo sobre sua casa, como mudar os quadros da sala ou onde ele guardava seus objetos pessoais, mesmo sem fazer muito sentido para ele, ele atendia.
À noite, antes de irem para a cama, ele fazia questão de
tomar banho, perfurmar-se e preparar-se para uma longa noite de amor, mesmo que
ela, cansada, dormisse logo em seguida em seus braços, após fazerem amor. Não
importava que fossem apenas alguns momentos, eram momentos especiais que ele
adorava compartilhar com ela.
Antigamente, antes de apaixonar-se, ele tinha o costume de
encontrar-se com uma amiga que ele conhecia há 25 anos. Essa amiga, nas quintas-feiras,
sempre ligava para conversar com ele, pois era a manhã de folga de ambos. Para
não atrapalhar o encontro com sua namorada, ele mudara seus hábitos e deixava o
telefone desligado. Caso esquecesse, não atendia ao telefone: a namorada
merecia o melhor que ele tinha a oferecer e toda a atenção que ele tivesse para
dar naqueles curtos momentos em que passavam ao lado um do outro.
Numa destas quintas-feiras, após alguns minutos da amada
sair de sua casa para o trabalho, ele recebe um recado da namorada. Esperando
que fosse alguma declaração de amor, tal qual ele, de vez em quando, fazia, lê
o recado, mas encontra algo totalmente diferente... Ao invés de um elogio ou
uma declaração de carinho, o recado apenas diz: “não seria possível falar para
os seus amigos pararem de ligar para você nas manhãs de quinta? Isso me deixa
muito chateada”...
O que vocês acham que o homem deve fazer?
(meus textos para teatro e stand-up estão em:
www.euquefiz.com - victor@euquefiz.com)
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